quarta-feira, 2 de novembro de 2011

JORNAL " O VALE" E JORNAL " VALEPARAIBANO"

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Justiça entende que jornal 'O Vale' mudou o nome para fraudar processo
Briga entre herdeiros se arrasta desde 1991 com troca de acusações
Uma disputa de 20 anos pelo controle de um tradicional jornal da região está na reta final. Na última semana a Justiça decidiu que o jornal "O Vale" (que entrou em circulação em abril de 2010) é o sucessor do "Valeparaibano" e, portanto, os dois títulos respondem por uma dívida reclamada pelos antigos sócios do jornal.

Os antigos sócios sustentam que a mudança de formato do Valeparaibano, de jornal para revista (o lançamento da publicação foi feito também em abril do ano passado), nada mais é do que uma tentativa de enganar a Justiça, já que foram criadas duas empresas diferentes.

Credito: Arte VNews / Reprodução
Comparação das capas do antigo 'Valeparaibano' com o atual 'O Vale'

A prova colocada no processo foi uma ligação telefônica feita para a sede do jornal. Uma funcionária do cartório de notas de São José ligou para o jornal simulando interesse em classificados. A funcionária que atendeu informou sobre a mudança de nome. Também foi anexada a ficha cadastrada na Junta Comercial, onde aparecia um endereço falso como sendo da empresa editora de "O Vale". Também foram feitas análises dos sites e das capas dos jornais, "tendo sido constatadas gritantes semelhanças", diz a decisão do desembargador Neves Amorim.

A decisão é questionada pelo advogado de Ferdinando Salerno, atual proprietário do jornal, Diogo Korte. "A decisão diz que houve fraude. A questão é que o Valeparaibano evoluiu, tem revista, está aí o Topvale (premiação) que é um sucesso e as empresas mantém 100% de seu patrimônio em próprio nome. Esperamos que a própria Câmara que deu essa decisão olhe e corrija este erro", diz.

Disputa já tem condenações

O jornal Valeparaibano foi fundado há 57 anos e adquirido por Ferdinando Salerno e Aquilino Lovato na década de 70. Lovato e Salerno eram sócios em outros negócios, entre eles uma concessionária de automóveis.

"O Lovato veio a falecer - em 1991 - e o Ferdinando cuidou dos dois filhos dele como se fossem seus. Estes desviaram quase R$ 4 milhões das contas do jornal, Ferdinando foi apunhalado pelas costas", diz Korte. Os desvios teriam ocorrido em 1998 e foram motivo de uma ação de dissolução de sociedade.

A primeira decisão da Justiça veio em 2006 e reconheceu que já não existia mais sociedade entre as duas partes. Foi determinado então que o jornal ficaria com Salerno e este deveria pagar aos herdeiros de Lovato o valor por assumir o restante da sociedade.

Além do processo do jornal, ainda há processos que determinam que Ferdinando Salerno pague a separação da sociedade com os mesmos herdeiros nas empresas Bandeirantes (concessionária da marca Volkswagen) e Bandeirantes Imports (marca Audi) - uma disputa que estaria em torno de R$ 10 milhões. "Isso é uma cobrança de uma decisão provisória de outro processo. Estão aproveitando um laudo pericial que desconsiderou o passivo da empresa. Estão querendo fazer confusão", defende Diogo Korte.

"Se o passivo não foi considerado, foi por culpa deles, esse valor era de uma concessionária de importados. Se uma sociedade limitada não tem passivo a considerar, algo está errado, não?", questiona Montanher.

Agora os Lovato correm para penhorar bens dos jornais do grupo. "A penhora da conta de O Vale aponta que o jornal tem apenas R$ 7 mil em caixa. Agora queremos mostrar que estão transferindo os bens para a empresa Alliance Editorial, também criada por eles", diz Montanher. A Alliance é a responsável pelos jornais Bom Dia Taubaté e Bom Dia São José.

Enquanto isso, os Salerno recorrem para que a Justiça reconsidere o valor da condenação. "O juiz de primeira instância disse, com todas as letras, que não houve fraude na execução do processo. Agora eles tentam atribuir credibilidade à alegação deles procurando vocês (imprensa)", diz Korte.

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