quinta-feira, 22 de março de 2012

Wanderson Pereira dos Santos x Thor Batista, quem é o culpado?

Wanderson Pereira dos Santos: morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Postado em: 19 mar 2012 às 21:43 | Desigualdade Social

Atropelamento do ajudante de caminhoneiro Wanderson Pereira dos Santos por Thor Batista, herdeiro do homem mais rico do Brasil, é exemplo emblemático do valor zero do que representa uma vida humilde diante dos privilégios de uma minoria torpe

Thor Eike Wanderson Santos
A sabedoria popular já traçou o desfecho do caso: "não vai dar em nada, vai ficar tudo por isso mesmo."
Como costumava fazer, o ajudante de caminhoneiro Wanderson Pereira dos Santos (foto), 30, deixou na noite do sábado 16 sua casa humilde, quase de beira de estrada, para comprar uns poucos mantimentos para alimentar o tio deficiente mental. Na volta, encontrou a morte na forma de uma Flecha de Prata, apelido universal dos carrões acinzentados Mercedes. A seta motorizada de R$ 2,7 milhões que espatifou seu corpo era dirigida por Thor Batista, herdeiro do homem mais rico do Brasil, sétimo do mundo. Se morresse como o ajudante de caminhoneiro, quem sabe num acidente do mesmo tipo – sempre cercado por seguranças, Eike é também um ciclista – o bilionário teria lançado em seu espólio algo como R$ 50 bilhões de reais. Entre os seus, Wanderson vai somente deixar saudades, ele que, a exemplo de milhões de brasileiros, não tinha posses.

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Construção, uma das maiores críticas sociais da obra de Chico Buarque, completa 41 anos de atualidade.

Sua vida era, como a de tantos, uma repetição. Em muito parecida com a descrita por Chico Buarque em Construção, de 1971. Wanderson devia atravessar “a rua com seu passo tímido” e agradecer a Deus por lhe deixar “respirar”, por lhe deixar “existir”. Sabe-se que era humilde, respeitador das regras sociais, atento à família. No mesmo paralelo do operário que “ergueu no patamar quatro paredes sólidas”, ele também vivia do trabalho braçal, trocando pesados pneus, sujando-se de graxa e poeira. Como o personagem de 41 anos atrás, agora mais que presente, também Wanderson “morreu na contramão atrapalhando o sábado”. O sábado da elite. Thor teria ao chegar o desfrute de uma festa que estava sendo dada por seu irmão Olin, para 150 pessoas.
A verdade que se tenta encobrir com as versões de Eike e a omissão de seu até aqui mudo filho mais velho, visa resultar na transformação do ajudante de caminhoneiro de vítima fatal em principal culpado de sua própria morte. Uma manobra com requintes de crueldade. Com a mesma determinação demonstrada por Thor e os dois homens que o acompanhavam no carro de, até aqui, não abrir a boca sobre o que de fato aconteceu, Eike aninhou-se no twitter para pilotar pessoalmente a sua versão sobre o fato. Ele já determinou que o ciclista foi colhido quando pedalava pela segunda pista, a de ultrapassagem, em lugar do acostamento, como sustenta a família. Também disse que, apesar da falta de confirmação da perícia, ela foi sim feita pela polícia, apesar de o carrão ter sido liberado logo após a morte de Wanderson.
Agregou que o filho, em todo o episódio, teve comportamento “exemplar”. Isso tudo é verdade? Antes que apareça o laudo da perícia sobre o acidente e uma reconstituição seja feita, não é possível saber. Mas como vem do, em tese, maior representante da elite brasileira, tende a colar como se verdade fosse. Terá razão, nesse caso, o povo, que usa desde sempre uma mesma frase para projetar o desfecho de situações que envolvem diretamente um rico suspeito e uma pobre vítima: não vai dar em nada, vai ficar tudo por isso mesmo.
Vídeo – Construção, Chico Buarque:

 Rio de Janeiro

Delegado acredita que erro foi da vítima, não de Thor

Para a polícia, marcas de frenagem indicam que Wanderson estava no meio da pista. Thor prestou depoimento e disse "lamentar profundamente" o caso

Leo Pinheiro, do Rio de Janeiro
Thor Batista publicou, no Twitter, foto em que aparece com as marcas do acidente de carro, na Rodovia Washington Luís
Thor Batista publicou, no Twitter, foto em que aparece com as marcas do acidente de carro, na Rodovia Washington Luís(Reprodução da Internet)
“A perícia feita pelo ICCE foi minuciosa. Tudo foi fotografado e não havia razão para o veículo permanecer no pátio da Polícia Rodoviária Federal. O delegado que fez o registro viu que a marca da frenagem está no meio da pista, não no acostamento”, afirmou Mário Roberto Arruda
O delegado titular da 61ª DP (Xerém), Mário Roberto Arruda, afirmou na tarde desta quarta-feira, após odepoimento do estudante Thor Batista, que “as circunstâncias” do atropelamento que matou o ajudante de caminhão Wanderson Pereira dos Santos, 30 anos, indicam que a vítima estava no meio da pista no momento do choque. Segundo Arruda, é necessário aguardar o laudo pericial, que deve ficar pronto dentro de 15 ou 20 dias, mas, pela “experiência que tem da região”, ele acredita que o erro foi de Wanderson.

“A perícia feita pelo ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) foi minuciosa. Tudo foi fotografado e não havia razão para o veículo permanecer no pátio da Polícia Rodoviária Federal. O delegado que fez o registro (Hilton Pinho Alonso) passou as informações e viu que a marca da frenagem está no meio da pista, não no acostamento”, afirmou o delegado. No fim da tarde, a Polícia Civil informou que foi colhido o sangue de Wanderson Pereira dos Santos, 30 anos, para verificar se ele havia ingerido bebida alcoólica. Thor fez o teste do bafômetro no dia do atropelamento e o resultado foi negativo para ingestão de álcool.

A partir do laudo, afirmou Arruda, a polícia terá condições de esclarecer detalhes como a velocidade aproximada em que ocorreu a colisão. “Ela pode ou não determinar a culpabilidade do Thor. Pode ter sido culpa da vítima, podem ser culpas concorrentes ou só do motorista. Se o laudo comprovar que estava acima da velocidade permitida, ele pode ser indiciado por homicídio culposo. Há jurisprudência de casos em que a culpa foi só da vítima, e nesse caso ele sequer será indiciado”, disse Arruda. A possibilidade de Thor responder por homicídio doloso, segundo o delegado, está descartada.

A Polícia Civil ouviu, até a tarde desta quarta-feira, seis pessoas. Dois são policiais rodoviários federais: os inspetores Cruz e João Miguel. Dois são motoristas que passavam pelo local na hora – entre eles, um estudante de medicina que diz ter chamado a polícia, contradizendo a versão de Thor, que diz ter ele próprio acionado os policiais. Também foram ouvidos o próprio Thor e o carona Vinícius Racca, de 22 anos, que viajava no Mercedes-Benz McLaren.

Ao fim de seu depoimento, Thor deu uma declaração. “Gostaria de fazer uma breve declaração à mídia, sobre o ocorrido. Eu lamento profundamente pela morte do Wanderson. Eu respeito a dor da família, a perda de um ente querido é complicada. E mesmo convicto da minha inocência, confirmo aqui que vou prestar todo o auxílio necessário à família, até o que for mais do que o necessário”.

O advogado Celso Vilardi, um dos dois defensores de Thor, sustentou o direito de seu cliente dirigir, mesmo tendo acumulado, em 18 meses, 51 pontos por multas na carteira de motorista. “Thor tem o direito de dirigir porque, embora tenha esses pontos, nunca foi notificado, nem foi pedido o recolhimento da carteira”, disse Vilardi.

Segundo o advogado, “Thor dirige muito pouco”. “O Thor, como todos vocês sabem, anda com seguranças e motoristas. Muitas dessas multas podem ter sido de motoristas, não necessariamente dele. Vamos verificar para saber quando estava acompanhado de seguranças. Raramente ele dirige”, disse.

Thor afirmou, em seu Twitter, na noite de segunda-feira, que está acostumado a dirigir câmbio automático – caso do Mercedes que conduzia na noite da morte de Wanderson. Thor também afirmou que “está acostumado a usar o pé esquerdo para frear”.




22/03/2012

Perícia pode livrar filho de Eike de acusação, diz polícia

Folha de S.Paulo
Rio - A Polícia Civil afirmou ontem que Thor Batista, 20 anos, filho do empresário Eike Batista e da ex-modelo Luma de Oliveira, pode se livrar da acusação de homicídio culposo (sem intenção de matar) se o laudo da perícia do carro apontar que o jovem estava abaixo da velocidade permitida (110 km/h) quando atropelou o ciclista Wanderson Pereira dos Santos, na rodovia Washington Luís, na noite de sábado.
"Nesses casos, costuma-se isentar o motorista da culpa, isto é, quando a culpa é exclusiva da vítima. Mas estamos esperando o laudo do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) para aferir qual era a velocidade do carro do Thor", afirmou o delegado Mario Roberto Arruda.
Ele deu essa declaração após ouvir por mais de duas horas o filho de Eike e o amigo dele, Vinícius Balian Racca, 22 anos, que estava de carona.
Thor chegou em carro blindado por volta das 9h, com cinco seguranças e dois advogados, além de assessores de imprensa.
Segundo testemunhas ouvidas pela polícia, Santos estaria "no meio da pista" quando foi atropelado pela Mercedes SLR McLaren prata conduzida por Thor.
O delegado afirmou ainda que a marca da frenagem no local do acidente parte do centro da pista para o canto.
Especialistas dizem que o veículo de Thor tem sistema ABS, que não deixa marcas. Outro indício seria o fato de os air bags do carro não terem sido acionados.
Após prestar depoimento, Thor voltou a afirmar que daria assistência à família da vítima.
O advogado Celson Vilardi, um dos defensores do jovem, disse que "a versão de trafegar no acostamento não existe". O ex-ministro da Justiça Marcio Tomaz Bastos foi contratado por Eike para defender Thor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Thor não atropelou Wanderson por livre e expontânea vontade. Foi uma fatalidade.
Portanto, juridicamente, o caso é
profundo e a longo prazo.
Somente a parte jurídica, é quem dirá se ele será absorvido ou não.
Jamais quero me encontrar numa situação dessa. Prefiro não conseguir dormir por problema de dívidas, a ter que não conseguir
dormir por um motivo desse. Como falei no inicio, ele não atropelou
por livre e expontânea vontade, mas
foi interrompida a vida de uma pessoa jovem, simples, que com certeza entristeceu para sempre os corações de uma família.
Imagine a notícia ao contrário
"Thor Batista, morre atropelado
na contramão, atrapalhando o tráfego, por Wanderson Pereira dos Santos um ajudante de caminhoneiro, e seus pais não tem posses".
Gente, não precisa falar mais nada.
Sinceramente, eu desejo que todos os bons acontecimentos na vida do Sr. Eike Batista e família se XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
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Fatalidades - Jamais