DVD pirata de 'O artista' é vendido em Cuiabá antes de chegar ao cinema
Empresários estão apostando em qualidade para manter público.
Delegado diz que punição para os vendedores de DVDs piratas é difícil.
Ericksen VitalDo G1 MT
Camelôs de Cuiabá já estão vendendo o DVD pirata do filme francês “O artista”, vencedor do Oscar de melhor filme do ano, antes mesmo da produção chegar às telonas da capital mato-grossense. Os empresários do setor de cinema e videolocadora reclamam da concorrência desleal e apostam em estratégias para buscar amenizar os prejuízos causados pela pirataria.
O G1 flagrou a cópia do filme sendo vendida em bancas de um tradicional local de comércio de produtos populares na capital. Um ambulante, que não quis se identificar, contou que os DVDs são comprados em grande quantidade - acima de 100 unidades - de um grande distribuidor, que fica dentro do estabelecimento comercial. Ele comentou ainda que cada DVD é adquirido ao custo de R$ 1 e é revendido ao público por R$ 4.
O gerente de uma grande rede de cinemas do Brasil, Aristeu Fernando, relatou que ficou surpreso ao saber que a cópia de “O artista” já está sendo comercializada. Ele informou que o filme estava previsto para ser lançado no país só em abril mas, como venceu o Oscar, a estreia pode ser antecipada. “Ainda não tem nem mídia do filme no Brasil”, disse Aristeu.
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Aristeu Fernando afirmou ao G1 que a pirataria gera milhões de prejuízos por ano por causa do não pagamento de impostos. Para superar a crise, o gerente contou que tem apostado cada vez mais em qualidade para continuar mantendo o público fiel que não deixa de ir ao cinema. “Estamos investindo em qualidade de imagem, som e de conforto para reduzir o impacto da pirataria". A rede em que ele trabalha possui 180 salas de cinemas em 20 cidades do país.
As videolocadoras também foram afetadas pela pirataria. Em Cuiabá, que possui mais de meio milhão de habitantes, apenas duas redes de videolocadoras sobrevieram aos prejuízos causados pelos produtos pirateados. A empresária Jussaraí Marta da Silva foi incisiva ao dizer que só conseguiu se manter neste negócio porque estava associada a uma franquia e porque investiu na agregação de produtos.
Jussaraí Marta relatou que teve que agregar à loja produtos como eletrônicos (periféricos) e jogos de computador, bem como investir em novas mídias. Ela disse que, devido à crise, teve que focar no público A e B. Atualmente, disse a empresária, pelo menos 50% dos DVDs vendidos na loja são blu-ray.
“Focamos em um público específico e agora estamos apostando mais em qualidade e diversidade. O público com o qual trabalhamos prefere investir em uma sala com TVs em 3D e em home theater, e nunca consumirão produtos ilegais de baixa qualidade”, comentou a empresária, comemorando o retorno, ainda tímido no último ano e meio, dos clientes às videolocadoras.
O delegado da Delegacia do Consumidor de Cuiabá, Amildo de Camargo, afirmou que a punição para os vendedores de DVDs piratas é considerada difícil, uma vez que a Justiça entende em determinadas situações que a pessoa estava buscando a sobrevivência. Quanto ao consumidor, não há crime porque a pessoa sabe, de antemão, que estava comprando o produto ilegal. Por isso, comentou o delegado, o foco da polícia é tentar identificar e fechar as grandes distribuidoras do produto. As pessoas flagradas neste tipo de atividade podem responder, entre os crimes, por falsificação.
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