NOSSA REGIÃO
Jornal O VALE
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March 2, 2012 - 03:12
Itamaraty vai ajudar Embraer
Governo se manifesta sobre cancelamento de negócio de US$ 355 milhões e sugere prejuízo à relação entre os países
São José dos campos/AE/Abr
Após dois dias de silêncio, o governo brasileiro informou ontem que vai pedir explicações aos Estados Unidos sobre o cancelamento da licitação que declarou a Embraer como vencedora para fornecimento inicial de 20 Super Tucanos por US$ 355 milhões.
Em nota divulgada no começo da noite, o Itamaraty afirma que a decisão norte-americana pode atrapalhar futuros negócios militares entre os países.
O negócio nos EUA, que ainda poderia chegar a 55 aeronaves em uma segunda etapa, foi cancelado na terça-feira sob a alegação de havia problemas na documentação entregue pela fabricante brasileira.
A justificativa foi de pronto contestada pela Embraer. Como pano de fundo da disputa, segundo especialistas, está a pressão de congressistas do Kansas, onde fica a sede da concorrente da Embraer, a Hawker Beechcraft, para evitar que a fabricante brasileira levasse a melhor. A norte-americana foi desclassificada da concorrência em novembro e, um mês depois, a Embraer foi declarada vencedora.
Segundo a nota do Itamaraty, o governo brasileiro se surpreendeu com a notícia da suspensão da compra, “em especial pela forma e pelo momento em que se deu”.
“(O governo) Considera que esse desdobramento não contribui para o aprofundamento das relações entre os dois países em matéria de defesa. O governo brasileiro continuará a manter diálogo com as autoridades norte-americanas sobre o assunto”, diz a nota.
Um dos temas levantados após o cancelamento da compra é de possível retaliação do governo brasileiro, que deve anunciar nos próximos meses o vencedor da concorrência do F-X2, que prevê a compra de 36 caças e tem a norte-americana Boeing como umas das três finalistas, além da francesa Dassault e da sueca Saab.
Após a Embraer ter sido declarada vencedora do negócio nos EUA em dezembro passado, especialistas davam como certa a escolha da Boeing pelo governo brasileiro.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, também se manifestou ontem.
“A gestão do governo brasileiro é importante, mas não podemos interferir em uma compra do governo americano. Você pode procurar saber o que aconteceu, procurar ajudar, mas não interferir”, disse.
O subsecretário de Estado dos EUA, William Burns, em visita ao Brasil, disse ontem em evento no Rio de Janeiro que seu governo “continua interessado” no avião da Embraer (leia texto nesta página).
Senado. A Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado reprovou ontem a atitude dos EUA. O presidente da comissão, Fernando Collor (PTB-AL), disse que a decisão “prejudica a parceria em um campo tão relevante como a defesa”.
Após dois dias de silêncio, o governo brasileiro informou ontem que vai pedir explicações aos Estados Unidos sobre o cancelamento da licitação que declarou a Embraer como vencedora para fornecimento inicial de 20 Super Tucanos por US$ 355 milhões.
Em nota divulgada no começo da noite, o Itamaraty afirma que a decisão norte-americana pode atrapalhar futuros negócios militares entre os países.
O negócio nos EUA, que ainda poderia chegar a 55 aeronaves em uma segunda etapa, foi cancelado na terça-feira sob a alegação de havia problemas na documentação entregue pela fabricante brasileira.
A justificativa foi de pronto contestada pela Embraer. Como pano de fundo da disputa, segundo especialistas, está a pressão de congressistas do Kansas, onde fica a sede da concorrente da Embraer, a Hawker Beechcraft, para evitar que a fabricante brasileira levasse a melhor. A norte-americana foi desclassificada da concorrência em novembro e, um mês depois, a Embraer foi declarada vencedora.
Segundo a nota do Itamaraty, o governo brasileiro se surpreendeu com a notícia da suspensão da compra, “em especial pela forma e pelo momento em que se deu”.
“(O governo) Considera que esse desdobramento não contribui para o aprofundamento das relações entre os dois países em matéria de defesa. O governo brasileiro continuará a manter diálogo com as autoridades norte-americanas sobre o assunto”, diz a nota.
Um dos temas levantados após o cancelamento da compra é de possível retaliação do governo brasileiro, que deve anunciar nos próximos meses o vencedor da concorrência do F-X2, que prevê a compra de 36 caças e tem a norte-americana Boeing como umas das três finalistas, além da francesa Dassault e da sueca Saab.
Após a Embraer ter sido declarada vencedora do negócio nos EUA em dezembro passado, especialistas davam como certa a escolha da Boeing pelo governo brasileiro.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, também se manifestou ontem.
“A gestão do governo brasileiro é importante, mas não podemos interferir em uma compra do governo americano. Você pode procurar saber o que aconteceu, procurar ajudar, mas não interferir”, disse.
O subsecretário de Estado dos EUA, William Burns, em visita ao Brasil, disse ontem em evento no Rio de Janeiro que seu governo “continua interessado” no avião da Embraer (leia texto nesta página).
Senado. A Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado reprovou ontem a atitude dos EUA. O presidente da comissão, Fernando Collor (PTB-AL), disse que a decisão “prejudica a parceria em um campo tão relevante como a defesa”.
ENTENDA O CASO
a concorrência
- 20 Super Tucanos
- US$ 355 milhões
- Cancelada na última terça-feira pelos Estados Unidos sob a alegação de falhas na documentação
- Como pano de fundo, está a pressão feita por congressistas do Kansas, onde fica a sede da concorrente da Embraer, a Hawker Beechcraft, para evitar que a fabricante brasileira levasse a melhor na disputa
Cronologia2011: Super Tucano da Embraer e o AT-6 da norte-americana Hawker Beechcraft são os finalistas do programa que destinaria aviões para operações no Afeganistão
Novembro de 2011: Força Aérea dos Estados Unidos anuncia a exclusão do avião da norte-americana. Políticos do Kansas, sede da Hawker, iniciam lobby pela empresa
29 de dezembro de 2011: É anunciado o resultado da concorrência, com vitória da Embraer
Janeiro de 2012: Força Aérea suspende temporariamente a compra da aeronave
28 de fevereiro de 2012: Concorrência é cancelada em definitivo pelo governo dos EUA
O Super Tucano
- Originário do Tucano, projetado na década de 80, o Super Tucano tem as versões monoplace e biplace, com tecnologia de última geração e ferramentas auxiliadas por computador
- Operado pela Força Aérea Brasileira, que tem 99 aeronaves, além de mais seis países
a concorrência
- 20 Super Tucanos
- US$ 355 milhões
- Cancelada na última terça-feira pelos Estados Unidos sob a alegação de falhas na documentação
- Como pano de fundo, está a pressão feita por congressistas do Kansas, onde fica a sede da concorrente da Embraer, a Hawker Beechcraft, para evitar que a fabricante brasileira levasse a melhor na disputa
Cronologia2011: Super Tucano da Embraer e o AT-6 da norte-americana Hawker Beechcraft são os finalistas do programa que destinaria aviões para operações no Afeganistão
Novembro de 2011: Força Aérea dos Estados Unidos anuncia a exclusão do avião da norte-americana. Políticos do Kansas, sede da Hawker, iniciam lobby pela empresa
29 de dezembro de 2011: É anunciado o resultado da concorrência, com vitória da Embraer
Janeiro de 2012: Força Aérea suspende temporariamente a compra da aeronave
28 de fevereiro de 2012: Concorrência é cancelada em definitivo pelo governo dos EUA
O Super Tucano
- Originário do Tucano, projetado na década de 80, o Super Tucano tem as versões monoplace e biplace, com tecnologia de última geração e ferramentas auxiliadas por computador
- Operado pela Força Aérea Brasileira, que tem 99 aeronaves, além de mais seis países
EUA mantêm interesse em aviões, diz subsecretário
Rio de Janeiro (AE)
O subsecretário de Estado dos EUA, William Burns, disse ontem no Rio de Janeiro que seu governo “continua interessado” no avião da Embraer.
Em visita ao Brasil para preparar a visita da presidente Dilma Rousseff (PT) a Washington, em abril, o vice de Hillary Clinton não quis entrar em detalhes das causas da anulação da licitação.
Ele reconheceu que “às vezes abusamos da paciência dos outros”, mas disse que espera que a disputa tenha novo desfecho o mais rápido possível e deu a entender que o Super Tucano continua no páreo. “A Embraer é uma grande empresa e o Super Tucano é um ótimo avião.”
A Força Aérea dos EUA informou anteontem que pretende agir rapidamente para refazer a licitação por aviões de combate leve de uso no Afeganistão para garantir que orçamento para compra não expire no final de 2013.
O subsecretário tentou desfazer qualquer relação entre o caso e o F-X2 e disse que a oferta dos EUA no caso de o Brasil escolher a Boeing é “sem precedentes”.
Rio de Janeiro (AE)
O subsecretário de Estado dos EUA, William Burns, disse ontem no Rio de Janeiro que seu governo “continua interessado” no avião da Embraer.
Em visita ao Brasil para preparar a visita da presidente Dilma Rousseff (PT) a Washington, em abril, o vice de Hillary Clinton não quis entrar em detalhes das causas da anulação da licitação.
Ele reconheceu que “às vezes abusamos da paciência dos outros”, mas disse que espera que a disputa tenha novo desfecho o mais rápido possível e deu a entender que o Super Tucano continua no páreo. “A Embraer é uma grande empresa e o Super Tucano é um ótimo avião.”
A Força Aérea dos EUA informou anteontem que pretende agir rapidamente para refazer a licitação por aviões de combate leve de uso no Afeganistão para garantir que orçamento para compra não expire no final de 2013.
O subsecretário tentou desfazer qualquer relação entre o caso e o F-X2 e disse que a oferta dos EUA no caso de o Brasil escolher a Boeing é “sem precedentes”.