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terça-feira, 12 de julho de 2011

CARREFOUR, BNDES, PÃO DE AÇÚCAR, ABÍLIO DINIZ, GLOBO, O ASTRO...

'MERCHAN'
O Carrefour estará no centro da novela "O Astro", que estreia hoje, na Globo. A família Hayalla, comandada por Salomão (Daniel Filho), será dona da rede. Por um patrocínio milionário, a trama vai destacar que a empresa tem preços atraentes e competitivos.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

ABÍLIO DINIZ, O "DONO" DO BNDES

Varejo no atacado

Operação pretendida pelo Pão de Açúcar não nacionaliza o grupo, apenas aumenta o poder de arbítrio do dr. Abilio, avalia articulista

09 de julho de 2011 | 15h 15


CARLOS LESSA
Nas últimas semanas, a fusão do grupo Pão de Açúcar com o grupo Carrefour para a criação do Novo Pão de Açúcar abriu um debate que percorreu a dimensão ética, jurídica, de interesse privado e dos interesses nacionais. Praticamente todos os articulistas da mídia impressa, televisiva e radiofônica colocaram em pauta a questão (corretamente, pois o BNDES, banco histórico do desenvolvimento industrial brasileiro, estava se propondo a aplicar mais de US$ 2 bilhões em uma operação global de quase US$ 3 bilhões!).
Pelo lado ético, foram feitos reparos a diversos protagonistas públicos e privados envolvidos na operação. Pelo ângulo jurídico, a redução do peso do grupo francês Casino em um Novo Pão de Açúcar tem as características de um divórcio parcial do empresário brasileiro e sua nova parceria com outro grupo francês, o Carrefour. Tem ou não um valor impeditivo para a operação pretendida (a existência de um acordo de acionistas entre o Pão de Açúcar e o Casino)? Neste momento, tudo leva a crer que a operação é juridicamente contestável e, levada aos tribunais, seria extremamente nociva para os parceiros atuais e os novos (Carrefour e BNDES). Isso, aparentemente, não foi levado em conta pelo BNDES, que não apenas avançou num comprometimento prévio com Abilio Diniz como lhe pôs nas mãos o poderoso argumento de R$ 3,7 bilhões.


Hoje, 7 de junho, li em jornal de grande circulação que o dr. Abilio declarou: "Fiz um trabalho extenuante". Costurar esse trabalho que foi feito não é fácil e entendo por quê; afinal, não é todos os dias que um empresário pode dizer a outros: tenho a chave para um suprimento financeiro superior a US$ 2 bilhões.
Luciano Coutinho, atual presidente do BNDES, declarou antes da controvérsia que o BNDES somente faria a operação se houvesse acordo do grupo Casino. O negócio não foi desmanchado, por isso o dr. Abilio, com a chave do BNDES, desafia o grupo Casino a demonstrar que a fusão não é uma boa ideia. Obviamente, a fusão é magnífica para o interesse privado do dr. Abilio, que, em entrevista, declara que quer "continuar levando a companhia que tem o DNA dele". Porém, isso não o impediu de, há alguns anos, assinar com o grupo Casino o direito de, em 2012, trocar, por R$ 1, a possibilidade de o grupo Casino consolidar os resultados do grupo Pão de Açúcar, diluindo o seu DNA. Quando assinou o acordo, era pré-datada a diluição do DNA brasileiro. É transparente a vantagem da operação pretendida para dr. Abilio. É inteiramente obscuro o interesse da sociedade brasileira nessa fusão que daria origem a um trio (dois franceses e um brasileiro).
É importante advertir a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que o BNDESPar é o braço do BNDES em operações no mercado de capitais e que é uma subsidiária 100% de propriedade do banco oficial. Este, como a ministra deve saber, é 100% do Tesouro. Assim sendo, são recursos públicos que, pela missão do BNDES, devem ser aplicados em projetos que gerem emprego e renda para os brasileiros.
Fusões podem ser meritórias, porém essa operação do Pão de Açúcar não nacionaliza o grupo de varejo, apenas aumenta o poder de arbítrio do dr. Abilio, restaurando seu DNA. Não é uma operação geradora de crescimento da economia. E, ao contrário do que declarou o ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio, Fernando Pimentel, não gerará saldo comercial positivo. O ministro declarou que o grupo Carrefour iria, associado ao Pão de Açúcar, "ampliar exportações brasileiras" (?!). O atual Pão de Açúcar é uma rede varejista que importa muito mais do que exporta, gerando um saldo comercial negativo. O grupo Carrefour já participa da rede brasileira de varejo e não é exportador líquido para o varejo mundial; a entrada do Carrefour não ampliará a rede de varejo. O que amplia o varejo é a multiplicação de emprego e renda no interior da economia brasileira.
Alguém afirmou que a aplicação do BNDESPar em papéis do Pão de Açúcar é um ótimo negócio para o BNDES. A elevação de valor patrimonial passa por um aumento futuro de lucratividade do cogitado NPA - Novo Pão de Açúcar. Isso pode ser obtido por redução dos custos operacionais (inclusive massa de salários) ou pelo aumento da margem comercial na compra e venda das mercadorias que distribui como rede varejista. Cabe ao Cade julgar se essa concentração do varejo vai baratear o custo de vida ou a lucratividade maior será um jogo perverso em relação às famílias brasileiras. De qualquer forma, o BNDES não é vocacionado a maximizar seu lucro (não é um banco de investimento); é um banco de desenvolvimento cuja primeira função é ampliar o emprego e a renda dos brasileiros. Tenho a preocupação de que se produza um desgaste na imagem do BNDES, o que seria um subproduto perverso da cogitada operação.
O dr. Abilio diz que foram encomendados "estudos" a três consultorias para avaliar a operação. É óbvia a vantagem patrimonial privada de dispor de mais de US$ 2 bilhões de recursos públicos. As três consultorias devem estar construindo "argumentos" para seduzir o grupo Casino; outras deveriam mostrar "vantagens" para a sociedade brasileira.
Carlos Lessa é economista. foi presidente do BNDES e é professor emérito da UFRJ


sábado, 2 de julho de 2011

ABÍLIO DINIZ, O ESPERTALHÃO QUERIDINHO DOS GOVERNANTES BRASILEIROS QUE LHE DEVEM " FAVORES"!!!


01/07/2011
 às 18:08 \ Direto ao Ponto
Coluna do Augusto Nunes
Revista VEJA

A fusão do Pão de Açucar com o Carrefour: o BNDES entra com R$4 bilhões para favorecer um empresário de estimação

Ao implodir todas as falácias forjadas pelo governo e pela direção do BNDES para explicar a inexplicável injeção de R$4 bilhões na fusão do Pão de Açúcar e do Carrefour, o artigo de Carlos Alberto Sardenbergpublicado na seção Feira Livre deixou claro que a operação foi montada para favorecer o empresário Abílio Diniz. Para confirmar em última instância o curto e preciso diagnóstico do senador Aloysio Nunes Ferreira, que qualificou o negócio de “absurdo e escandaloso”, só faltava a entrada em cena do advogado Márcio Thomaz Bastos. Agora não falta mais nada: ao contratar o advogado-geral do Planalto para representá-lo, Abílio produziu simultaneamente uma confissão de culpa e outro indício veemente  de que o governo se meteu em outra enrascada de bom tamanho.
Criminalista talentoso, Márcio vem esbanjando inventividade desde 2005, quando abandonou as funções de ministro da Justiça para livrar da cadeia os quadrilheiros do mensalão. Transformou crime em erro, ladrão em tesoureiro distraído e produto do roubo em recursos não-contabilizados. Decerto encontrará alquimias menos bisonhas que as apresentadas pelos trapalhões federais. O mais recente se ampara na necessidade de defender a pátria ameaçada por vorazes concorrentes internacionais. “O patriotismo é o último reduto dos canalhas”, disse o escritor inglês Samuel Johnson. Como qualquer generalização, essa também é perigosa. Mas se aplica exemplarmente aos nacionalistas de araque em ação neste início de inverno.
“O mérito da operação é criar maioria nacional num conglomerado internacional”, recitou nesta quinta-feira o mineiro Fernando Pimentel, que ganhou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior por ter naufragado na tentativa de virar senador. O fervor nacionalista contagiou o vice-presidente do BNDES, João Carlos Ferraz: “A bandeira verde e amarela é sempre importante”, declamou a jornalistas interessados em saber se a doação bilionária tem motivações técnicas ou políticas. Se fosse tão importante assim, deixaram de replicar os repórteres, o banco não estaria financiando aventuras em Cuba, na Venezuela e em outras paragens controladas por parentes ideológicos do PT.
É muito cinismo, berram os fatos. Até as gôndolas dos supermercados sabem que Abílio Diniz foi um generoso patrocinador das campanhas eleitorais de Lula e Dilma Rousseff. Tornou-se amigo de infância de Lula e continua a entrar sem bater nos gabinetes federais ocupados por quem manda.  Por algum motivo, arrependeu-se de ter vendido o controle do Pão de Açúcar aos sócios franceses do grupo francês Casino, resolveu romper o contrato e, para manter-se entre os barões do reino, pensou na fusão com o Carrefour. Se a ideia fosse boa, não lhe faltariam parceiros na iniciativa privada. Como só ele sairá ganhando, foi cobrar a conta dos favores prestados aos amigos no poder.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

BNDES, A SERVIÇO DOS PODEROSOS...



 
29/06/2011 - 10:17


 

Negócios

Revista VEJA

Novo Pão de Açúcar: um negócio em que o BNDES não deveria estar

Como entidade que trabalha com dinheiro público, o BNDESPar deveria seguir o interesse público na hora de fazer suas apostas. Não é o caso dessa fusão

Ana Clara Costa e Beatriz Ferrari
Abilio Diniz
Abilio Diniz, do Pão de Açúcar: jogada ousada (Edu Lopes)
A tese fraca da "internacionalização" é a única que pode ser esgrimida para justificar a presença do BNDESPar na transação
A fusão de Pão de Açúcar e Carrefour, em estudo oficialmente desde esta terça-feira, deverá contar, como já se tornou praxe em anos recentes, com a participação bilionária do BNDESPar, o braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O aporte, mais precisamente, será de cerca de 4 bilhões de reais (ou 1,7 bilhão de euros). Como todo fundo de investimentos, o BNDESPar rastreia o mercado em busca de oportunidades. Não há dúvida que participar da união de duas gigantes do varejo é uma oportunidade extraordinária. Como entidade que trabalha com dinheiro público, no entanto, o BNDESPar deveria obedecer também ao interesse público na hora de fazer suas apostas. E, a menos que se dê a ele uma definição muitíssimo ampla, esse interesse não entra na equação que reúne Pão de Açúcar e Carrefour. 

Em comunicado ao mercado, o BNDES procurou explicar as razões por que pretende apoiar o negócio. “Caso o projeto em questão se concretize", diz a nota, "o grupo assumirá uma posição estratégica no Carrefour, um dos maiores varejistas globais, abrindo caminho para maior inserção de produtos brasileiros no mercado internacional.” É um argumento duvidoso. O Carrefour global teria de se transformar, incondicionalmente, na Grande Distribuidora de Produtos Brasil para justificar um investimento tão volumoso de nosso banco estatal de fomento. Isso não vai acontecer. A venda de produtos brasileiros em supermercados estrangeiros da gigante que está nascendo deverá se observar na exata medida em que faça sentido econômico. Nem mais, nem menos.
Infográfico: o passo a passo da operação Carrefour-Pão de Açúcar

A tese fraca da "internacionalização" é a única que pode ser esgrimida para justificar a presença do BNDESPar na transação. Nenhum dos outros argumentos clássicos usados para defender a ideia - por si só questionável - da presença do estado no comando de empresas se aplica. O setor de varejo não traz o chamado "retorno social", ao contrário do de infraestrutura ou comunicações. Não precisa de fomento especial, como o de inovação tecnológica. E tem crescido a taxas expressivas sem ajuda: sua expansão chegou a 10,9% no ano passado - bem acima do crescimento do PIB, que ficou em 7,5%. O Grupo Pão de Açúcar faturou 37,8% a mais que no ano anterior (considerando a aquisição das Casas Bahia), enquanto o Carrefour cresceu 33,7%. 

Qual o tipo de interesse público contemplado pela compra de um naco do Novo Pão de Açúcar pelo BNDES? Segundo o economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um órgão do governo, a resposta é: “nenhum”. “Estamos falando de grandes empresas com boa saúde financeira. Não seria difícil encontrar parceiros privados para tomar parte nessa operação", diz Almeida. “Precisamos do BNDES para financiar projetos sociais, ou para ajudar áreas de ponta como a biotecnologia e a TI a progredir. Não para atuar no varejo.” Quando o estado decide ajudar o Pão de Açúcar e o Carrefour a vender papel higiênico, vinho francês, salsicha e televisores, são os donos do Pão de Açúcar e do Carrefour que mais se beneficiam, e não o contribuinte.
Leia também: Carrefour-Pão de Açúcar será desafio para o Cade

Sinal negativo - A operação tem mais um ponto problemático. Atualmente, o Pão de Açúcar tem outro sócio francês, o grupo Casino. Esse grupo não foi informado das negociações com o Carrefour. “Essa operação envia um sinal negativo ao mercado. Mostra que o governo aceita participar de um negócio que, até onde se sabe, foi feito em prejuízo de um investidor estrangeiro", diz o executivo de um banco de investimento que preferiu não ter seu nome revelado.

Teoricamente, a situação do Casino não seria tão ruim. Se o negócio se concretizar, ele poderá ficar com 29% do capital total do Novo Pão de Açúcar – o que o colocaria na confortável posição de maior acionista individual da empresa. No entanto, a proposta ganha ares de emboscada quando imagina que, alinhados na operação, Abílio Diniz e BNDES teriam, juntos, 35% do capital do total da empresa em gestação. Esse percentual seria suficiente para eleger, por exemplo, o presidente do conselho. “O Casino colocou muito dinheiro nessa empresa e agora está nessa situação. Fica uma interrogação na cabeça de que pretende investir no Brasil”, afirmou ao site de VEJA um executivo ligado ao Casino.
Leia também: "Carrepão" seria líder incontestável do varejo brasileiro

O BNDES vinha se reunindo com o Grupo Pão de Açúcar há mais de seis meses, com o objetivo de estudar "alternativas de expansão". Foi nesse período que a consultoria de fusões e aquisições Estáter e o BTG Pactual começaram a estruturar um plano de fusão, com o acompanhamento de Abílio Diniz, presidente do conselho do Pão de Açúcar, e do fundo Blue Capital – acionista majoritário do grupo francês Carrefour. Em maio, a informação das conversas vazou. Nas semanas seguintes, Diniz emitiu diversos comunicados ao mercado negando com veemência qualquer operação. Nesta terça-feira, uma proposta concreta foi anunciada. O desfecho do caso virá em 60 dias – provavelmente, com a participação do banco estatal brasileiro, que se prepara para dar cacife a mais um “campeão nacional”.
(Com reportagem de Derick Almeida)