segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ENERGIA ELÉTRICA, DEVOLUÇÃO DE R$ 7 BILHÕES



Segunda-Feira, 28 de Fevereiro de 2011



26/02/2011 - 07h00

Deputados querem devolução de R$ 7 bi a consumidor

Projeto apresentado esta semana obriga empresas de energia elétrica a devolverem contribuição cobrada indevidamente durante sete anos

Parlamentares acusam Aneel de ficar contra consumidor e do lado das empresas

Fábio Góis

Um grupo de deputados quer que as concessionárias de energia elétrica devolvam ao consumidor o que receberam indevidamente durante sete anos. Estimativa feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que um equívoco de cálculo fez com as empresas recebessem R$ 1 bilhão a mais por ano no período de 2002 a 2009. A devolução dos recursos, estimados inicialmente em R$ 7 bilhões, está prevista no Projeto de Decreto Legislativo 10/2011, apresentado na última quarta-feira (23) na Câmara.

Segundo a proposição, as distribuidoras cobraram na conta de luz, durante sete anos, uma contribuição com o pretexto de custear o fornecimento de energia em localidades e sistemas isolados do país. A cobrança foi considerada irregular pelo TCU. No último dia 25 de janeiro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou a decisão tomada em dezembro de 2009 de desobrigar as concessionárias de restituir os valores aplicados irregularmente.

A proposta apresentada na Câmara susta “os efeitos normativos” da agência reguladora. Na justificativa do projeto de decreto legislativo, os deputados que assinam a proposta acusam a Aneel de “negar o direito dos consumidores brasileiros de serem ressarcidos do erro da metodologia de cálculo que elevou ilegalmente as tarifas de energia elétrica” entre 2002 e 2009.

“Mas esse cálculo não levou em conta o crescimento do número de consumidores e as distribuidoras arrecadaram mais do que foi efetivamente gasto na manutenção desses sistemas. Essa arrecadação excedente é proibida pelas regras da Agência Nacional de Energia Elétrica”, aponta a assessoria do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), um dos responsáveis pela apresentação do projeto. O parlamentar pernambucano disse ao Congresso em Foco que a iniciativa já reúne 180 assinaturas de parlamentares na condição de “co-autores” da matéria.

“No plenário, não tenho a menor dúvida de que vamos conseguir a aprovação, até porque é um direito dos consumidores brasileiros. Temos um apoiamento quase unânime”, avalia Eduardo, para quem o valor cobrado indevidamente dos consumidores pode dobrar, feitas as correções inflacionárias. “Não menos que R$ 7 bilhões – o Tribunal de Contas da União [TCU] disse que a dívida estava calculada em R$ 1 bilhão por ano [entre 2002 e 2009]. Mas esse valor pode chegar a R$ 15 bilhões. Só vamos ter essa certeza quando esse levantamento for finalizado pela Aneel.”

Segundo a justificativa do projeto de decreto legislativo, o pagamento indevido de tarifas fere dispositivos da Constituição, do Código de Defesa do Consumidor e da própria Aneel, na definição de direitos e deveres do consumidor, “em especial do direito ao ressarcimento pelos valores cobrados indevidamente (artigos 76 a 78 da Resolução Aneel n.º 456, de 2000; e o artigo 113 da Resolução Aneel nº 414, de 2010)”. Eduardo da Fonte diz que, em vez de funcionar como agência reguladora, a Aneel demonstra estar a serviço das distribuidoras de energia elétrica.

Confira a íntegra do Projeto de Decreto Legislativo 10/2011 

“Não foi erro. Foi roubo”

O caso teve início em 2007, no âmbito da Comissão de Defesa do Consumidor (CDC) da Câmara. Na ocasião, o deputado Elismar Prado (PT-MG) e alguns membros do colegiado pediram uma auditoria nas contas administradas pelas concessionárias de energia elétrica.

Os indícios de irregularidade resultaram na instalação da CPI das Tarifas de Energia Elétrica, que, entre outras resoluções, levaram ao indiciamento do diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, junto ao Ministério Público Federal. Segundo Eduardo da Fonte, ele “obstruiu o trabalho da CPI por não ter fornecido os dados referentes às cobranças indevidas” do período 2002-2009. Também foi determinado que cerca de 20 agentes da agência fossem investigados, mas por outras questões.

No entanto, depois de reunião dos membros do colegiado, decidiu-se que as investigações deveriam ser estendidas a todos os citados no relatório final da CPI – inclusive Hubner, mas sem que o pedido de indiciamento dele fosse levado adiante. Na ocasião, o diretor-geral disse que não poderia ter apresentado os dados sem que a defesa das distribuidoras de energia tivesse sido encaminhada à Aneel.

Em novembro de 2010, o relatório final da chamada CPI da Conta de Luz determinou que a Aneel exigisse das empresas concessionárias a devolução dos valores recebidos indevidamente dos consumidores. Em desobediência ao colegiado, a agência se limitou a executar a revisão dos contratos com 63 distribuidoras, e definiu um novo sistema de reajuste de tarifas que impediria cobranças indevidas. A restituição dos valores não foi determinada pela Aneel, sob o argumento de que, por falta de fundamentação jurídica, as regras do novo contrato não poderiam retroagir.

“Ao se negar a devolver esses valores, eles patrocinaram um calote ao povo brasileiro”, fustigou Eduardo da Fonte, lembrando que, em audiência pública na Câmara, os próprios representantes da Aneel reconheceram o erro e se dispuseram a corrigi-lo, mas sem que os valores fossem repostos. “Na minha avaliação, não foi um erro, foi um roubo. Eles [responsáveis pelas distribuidoras] agiram de má fé”, completou Weliton Prado (PT-MG), que também subscreve o projeto protocolado na Mesa Diretora. Weliton é irmão de Elismar Prado, o ex-membro da CDC.

Weliton disse à reportagem que trabalha no projeto desde antes da posse para a atual legislatura. E garantiu que, mesmo na semana pré-carnavalesca, continuará a conscientizar “o máximo de deputados” em relação à importância da matéria. Ele acredita que, longe de uma ação isolada, o conjunto de deputados em defesa do tema “dará força ao projeto”. “Costumo dizer que o Parlamento é igual a feijão: só funciona na pressão”, diz o petista, ressalvando o papel da imprensa em manter o assunto em evidência.

O Congresso em Foco quis saber a posição da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) sobre o assunto. A assessoria informou que seguidas e longas reuniões, “a portas fechadas”, impediriam que a direção da Abradee, sociedade civil de direito privado, falasse com a reportagem nesta sexta-feira (25). Ainda segundo a assessoria, a entidade está em fase de estruturação em Brasília, uma vez que está em pleno processo de mudança da matriz do Rio de Janeiro para Brasília.

“Tarifa amarela” 

Agora, diz Eduardo da Fonte, o objetivo é conseguir a aprovação de “urgência urgentíssima” para a votação do projeto. Para tanto, são necessárias 171 assinaturas (um terço dos 513 deputados), o que levaria a matéria à condição de item prioritário de votações no plenário da Câmara. Mas, além de a pauta estar trancada por diversas medidas provisórias, o provável baixo quorum na semana que antecede o Carnaval deve atrasar as deliberações.

Para passar a valer, o projeto de decreto legislativo deve ser aprovado tanto pela Câmara quanto pelo Senado. Alcançado esse objetivo, não há necessidade de que a matéria seja submetida a sanção presidencial – o texto entra em vigor tão logo as duas Casas legislativas o aprovem em maioria simples (metade mais um dos parlamentares presentes em plenário). No dia em que o documento foi formalizado, apenas o deputado Guilherme Campos (DEM-SP) pediu a exclusão de sua assinatura de adesão à matéria.

O projeto de decreto legislativo é a primeira cruzada dos deputados contra o que consideram abuso das distribuidoras. Weliton Prado diz que apresentará um projeto contestando as chamadas “tarifas amarelas” que, a depender dessas empresas, seriam cobradas com valores diferenciados, referentes ao consumo em horários de pico.

“Isso é uma forma disfarçada de aumentar a conta de luz”, diz o petista, para quem o consumo em horários não concentrados deve ser estimulado por meio de benefícios, e não de penalizações. Em março, adianta o deputado, será realizada uma audiência pública para debater o assunto. Weliton disse ainda que, desde 2007, parlamentares têm impedido que as distribuidoras apliquem as tais tarifas “diferenciadas”.



Alberto Figueiredo (27/02/2011 - 03h22)

Vão devolver o aumento que deram a eles mesmos?
Se não vão, são iguais as operadoras de energia, tão coniventes com toda safadeza que existe no país, como no caso a ANEEL, e muito mais descreditado que Lulla ao afirmar que não sabia de nada e que tudo que desejava era o bem do povo brasileiro.
Eu sou o Super Homem, vou terminar por aqui, pois tenho que voar até Brasília para pegar minha parte no roubo. Quem acredita?


Cibele (26/02/2011 - 13h44)


A matéria reproduz erros seríssimos: Em primeiro lugar, não houve "cobrança indevida". A metodologia da Aneel que definiu as tarifas entre 2002 e 2009 sempre seguiu leis, normas e contratos. Em segundo lugar, o TCU JAMAIS declarou que houvesse erro! No acórdão 1268/2010 consta que "não houve descumprimento de dispositivos legais ou de regras inerentes aos contratos de concessão". Em terceiro lugar, a Aneel promoveu um aditivo nos contratos de concessão de todas as empresas visando aprimorar a metodologia. Isso já está valendo! Por fim, e o mais absurdo, é o oportunismo do dep. Eduardo da Fonte e sua turma da CPI da Conta de Luz. Eles não querem de fato proteger o consumidor de energia elétrica! Se quisesse, não aceitariam a prorrogação da RGR (o encargo setorial mais pesado na conta de luz) que consta na MP 517 e não aceitariam a proposta do governo de triplicar o pagamento ao Paraguai pela energia de Itaipu. Estas sim são duas discussões sérias, REAIS e que afetarão DIRETAMENTE o bolso de todos nós caso sejam aprovadas. Tudo o que o dep. Eduardo da Fonte quer é isso: exposição midiática promovida por jornalistas mal pautados.


donjotta (26/02/2011 - 10h44)

Eu particularmente não vejo nenhum mérito na proposta dos deputados. Não fazem mais que obrigação defender o direito do povo que os coloca lá para tal.Infelizmente o que assistimos constantemente é esse mesmo povo pagando-lhes altos salários(que os próprios deputados estipulam)enquanto para votar um mísero salário mínimo ainda ganham horas extras( que fazem de propósito) para engordar suas (poupanças) ou melhor, suas PANÇAS. A Ética e a Moral já não caminham de braços com a palavra empenhada, já não respeitam nem a sí próprio. E o povo por sua vez troca a sua dignidade por um "vale qualquer coisa" em nome da dignidade, válida por alguns instantes. Rui Barbosa tinha plena razão!



DITADORES (26/02/2011 - 10h36)

COMO É BOM SABER, EM TODA A PARTE DO PLANETA EXISTEM DITADORES À S E R V I Ç O DE SEUS PROPRIOS INTERESSES, COMO SER UM PAÍS EM DESENVOLVIMENTO SE TEMOS AQUI MESMO OS NOSSOS DITADORES, NÃO PRECISAMOS IR MUITO LONGE NO CASO DA LIBIA, EGITO, ETC..., MAS AQUI TEMOS OS NOSSOS DITADORES, QUE SÓ DEFENDEM OS INTERESSES DOS GRANDES, CHAMADOS TAMBEM DE PODEROSOS, DEVEMOS SIM MOSTRAR A TODOS QUE OS POVOS NÃO AGUENTAM MAIS TANTOS ASSALTOS E ROUBOS "LEGALIZADOS", E COMO DIZEM O POVINHO QUE SE DANE, MAS, TEMOS AS ELEIÇÕES PARA MOSTRAR A TODOS AS NOSSAS ARMAS COM RESPONSABILIDADE E COERENCIA. É SÓ CLICAR EM NULO. POR OUTRO LADO, DEVEMOS SIM, ORGANIZAR PROTESTO ORGANIZADOS, MAS SEM BADERNAS E AGITAMOS, PROTESTO ESTE COM COBRANÇAS AS PARLAMENTARES E AS ANATEIS DA VIDA PARA DEVEDEREM OS DIREITOS DOS P O V O BRASILEIRO, QUE AFINAL SOMOS OS PROPRIETÁRIOS, E NÃO ALGUNS POR ALGUM GTEMPO, QUE ACHAM QUE SÃO DONOS OU DITADORES NESTA EPOCA DO SECULO XXI.ESTAMOS CASADOS, DESOLADOS, AFLITOS, ROUBADOS, ASSALTADOS, LIQUIDADOS, TORTURADOS, E POR FIM EXTERMINADOS COM PESSOAS INESCRUPULOSAS. POLITICOS E AGENCIAS GORVERNAMENTAIS, SAI DAQUI, FICAM LONGE DE MIM.


João Paulo (26/02/2011 - 10h05)

Desde de 2010 que venho acompanhando a luta do Sr. Dep. Eduardo da Fonte contras as tarifas eletricas no Brasil,como cidadão me senti lesado tanto pela Concessionárias quanto pela ANEEL. Quremos nosso dinheiro de volta e em nossas contas bancárias e não como credito na conta de Luz, pois esses valores já pagamos.


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