ANNA CAROLINA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A promessa era enriquecimento rápido. Mas, em vez disso, o estudante de administração Gustavo Warmling, 23, teve prejuízo de R$ 2.000 depois de se cadastrar como vendedor de uma suposta empresa no ano passado.
Promessa de "riqueza fácil" pode caracterizar estelionato, diz advogado
Análise: É possível lucrar com pirâmides, mas à custa de grande prejuízo dos outros
Análise: É possível lucrar com pirâmides, mas à custa de grande prejuízo dos outros
"Eles não me falaram do que se tratava até eu chegar a uma reunião que apresentava o negócio", diz.
Certas ofertas de trabalho --como "ganhe dinheiro sem sair de casa" ou "pergunte-me como ficar rico"-- são comuns especialmente via internet e inspiram cuidados, segundo especialistas consultados pela Folha.
Muitas delas podem mascarar esquemas conhecidos como pirâmides, que são ilegais.
A estratégia dessas supostas empresas consiste em seduzir novos colaboradores com propostas para revenda de produtos ou serviços que trariam muito dinheiro em pouco tempo.
Pela estrutura do negócio, são recrutados constantemente novos colaboradores, que pagam taxas de adesão que podem superar R$ 500. Com isso, a empresa fatura milhões antes que qualquer produto seja vendido.
Essa prática é diferente da venda direta, destaca o professor Marcelo Pontes, líder da área acadêmica de marketing, pesquisa e economia da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
A venda direta é um modelo tradicional, que consiste na comercialização de produtos porta a porta, sem um ponto comercial fixo, diz.
Isso está dentro da lei e não representa engodo. "Além disso, o negócio também dá a possibilidade de trabalhar em horários flexíveis e a chance de aumentar a remuneração conforme a dedicação pessoal", acrescenta Roberta Kuruzo, diretora executiva da ABEVD (Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas).
Uma das principais diferenças é que, na venda direta, ganha-se comissão pela venda de produtos, enquanto, na pirâmide, ela é paga quase exclusivamente pela adesão de novos vendedores.
De acordo com Kuruzo, a prática de pirâmide vai contra as regras de ética e conduta da associação de venda direta e nenhuma empresa deve cobrar taxas de adesão.
No site da ABEVD (www.abevd.org.br), é possível fazer denúncias contra as empresas associadas, caso façam esse tipo de exigência.
PREJUÍZO
O estudante Warmling diz que o processo todo das empresas-pirâmides é misterioso e sedutor. "Mostram vídeos de pessoas que enriqueceram. Fiquei tão empolgado que paguei pela adesão."
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