Pastor brasileiro é preso por suspeita de tráfico de menores na África
Uma missão evangélica liderada por brasileiros virou caso de polícia no Senegal. O pastor José Dilson da Silva, da Igreja Presbiteriana Betânia de Niterói, e a missionária Zeneide Moreira estão presos há quatro meses em Thiès, a 70 quilômetros da capital do país, Dakar. Os religiosos, há 22 anos pregando na África, são acusados de formação de quadrilha, aliciamento e tráfico de menores no projeto Obadias, criado pelo pastor em 2011. A iniciativa consistia em dar abrigo, comida e educação evangélica a 17 crianças de origem islâmica recolhidas nas ruas de Dakar.
A denúncia chegou à polícia em novembro do ano passado por Abdou Fall, pai de um dos meninos acolhidos. Segundo ele, os missionários não tinham autorização dos pais para levarem as crianças. Há 12 dias, a Justiça senegalesa negou um pedido de habeas corpus feito pelos advogados dos religiosos.
O pastor Josué Oliveira, da mesma igreja do missionário e interlocutor da família no Brasil, afirma que em sua viagem ao Senegal, no ano passado, encontrou um clima hostil sobre o caso:
— Como a religião predominante no Senegal é o islamismo, missões evangélicas são vistas com maus olhos.
Enquanto o processo se desenrola na Justiça senegalesa, José Dilson reclama das condições precárias do presídio, em Thiès, a 60km da capital. Cartas do pastor à família, obtidas pelo EXTRA, revelam que ele está em uma cela compartilhada com 30 pessoas, sem janelas.
O religioso teria tido problemas para se adaptar às refeições da cadeia por ser diabético. Há um mês, ganhou o direito de receber comida especial enviada diariamente por sua mulher, Marli.
"Todas as noites são quentes, sem espaço pra me virar, desconfortáveis ao extremo. Com tudo isso, sei que Jesus está ao meu lado e isso me conforta", escreveu ele.
Crianças da Guiné
O caso veio à tona na imprensa senegalesa quando o jornal "Le Populaire" publicou a manchete "Pastor brasileiro convertia crianças ao cristianismo", em novembro. Os menores recolhidos são da Guiné Bissau, país vizinho onde se fala português.
Governo brasileiro
A assessoria de imprensa do Itamaraty alega que o órgão não pretende pressionar o governo senegalês: "Essa é uma questão jurídica, e não política. O efeito de uma possível pressão poderia ser contraproducente, até porque há uma questão religiosa envolvida".
Até seis meses
A Agência Presbiteriana de Missões Transculturais, que financia o projeto Obadias e cuida dos trâmites jurídicos para o pastor, afirma que vai recorrer contra a prisão até a última instância. No Senegal, acusados por um crime podem ficar até seis meses em prisão preventiva.
Não legalizado
Segundo a família do pastor, os problemas com a Justiça se deram porque o escritório contratado pelos brasileiros em 2011 para conseguir as autorizações para a permanência dos menores não era legalizado.
Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/pastor-brasileiro-preso-por-suspeita-de-trafico-de-menores-na-africa-7889818.html#ixzz2O6MptQWG
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