Grupo de empresas X pode encolher
Estratégia de Eike é aliviar a situação financeira da holding diante da frustração do mercado com a produção da petroleira OGX
15 de março de 2013 | 21h 32
Oscar e Raquel Landim, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - A venda de parte da MPX para os sócios alemães é apenas o início de uma série de transações que estão sendo avaliadas dentro da EBX (a holding de Eike Batista) com o objetivo de aliviar a situação financeira do grupo. Segundo fontes a par dos negócios do empresário, a próxima da lista seria a petroleira OGX. A empresa, que iniciou a produção de forma modesta em 2011, vem decepcionando o mercado com descobertas de óleo e gás que estão abaixo do potencial divulgado inicialmente.
Depois de uma tentativa frustrada de vender parte da petroleira para os chineses da Sinopec (China Petroleum & Chemical) em 2010, Eike Batista estaria se aproximando da companhia russa Lukoil - segunda maior empresa do setor na Rússia. No início do ano, o diretor executivo da petroleira chegou a anunciar que visitaria o Brasil para estudar oportunidades de exploração de petróleo em plataformas offshore (no mar). Coincidência ou não, os russos da Lukoil são muito bem relacionados com alguns sócios do BTG, que desde o dia 6 de março começou uma imersão na holding de Eike Batista, após a assinatura de um acordo de "cooperação estratégica de negócios". O acordo entre BTG e EBX envolve a prestação de assessoria financeira e a abertura de uma linha de crédito que gira em torno de R$ 1 bilhão.
Segundo uma fonte próxima ao banco de investimentos, o trabalho é similar ao que foi feito para a família Amaro na reestruturação da TAM, ou seja, valorizar as ações do controlador. No caso da TAM, o BTG levou a companhia aérea a fazer a abertura de capital da Multiplus, trocou a administração por um perfil mais financeiro e, por fim, promoveu uma fusão com a LAN. "Fusões ou venda de ativos não são um objetivo, mas podem acabar ocorrendo", diz a fonte.
Eike Batista já teria admitido a executivos de confiança que não se importaria de negociar as demais empresas do grupo, com exceção da companhia de logística LLX, que está construindo o Porto do Açu. "Esse é o xodó de Eike e não está em jogo", afirma um executivo. "Tirando a LLX, ele está disposto a encolher a holding. "
Os sócios do BTG e da EBX têm se reunido diariamente. Os contatos entre Eike Batista e André Esteves ocorrem uma vez por semana pessoalmente, mas são frequentes por telefone. Na terça-feira desta semana, Eike esteve na sede do BTG em São Paulo acompanhado pelos presidentes de todas as suas empresas e se reuniu com mais de 20 sócios do BTG. "São quase 30 pessoas pensando os negócios da empresa", diz a fonte.
A situação em que se encontram as companhias "X" exige um mutirão. A dívida líquida das cinco empresas de capital aberto (MPX, OGX, MMX, OSX e LLX) beira os R$ 15 bilhões. Nos últimos 12 meses, elas perderam em valor de mercado cerca de R$ 54,3 bilhões - o que contribuiu para que Eike Batista despencasse de 7.ª para a 100.ª posição na lista de bilionários da revista Forbes.
O caso mais dramático é o da petroleira OGX, que viu seu valor despencar de R$ 54,9 bilhões, em março do ano passado, para R$ 8 bilhões hoje. Recentemente, os analistas do Banco Espírito Santo (BES) revisaram para baixo a estimativa de produção diária da OGX entre 2013 e 2018. A previsão para 2018 desabou de 441 mil para 220 mil barris de óleo equivalente por dia.
Na MPX, que está sendo negociada com os alemães da E.ON, a situação também é complicada. Das seis termoelétricas projetadas, três estão atrasadas. Entre as outras três que já iniciaram a operação, duas funcionam de forma parcial.
Hora certa. Entre analistas e executivos do setor, a opinião predominante é de que o acordo com o banco foi providencial para Eike Batista. Aconteceu na hora certa.
O empresário e o banqueiro são conhecidos de longa data, pelo menos desde que André Esteves era sócio do banco UBS Pactual. O relacionamento dos dois, no entanto, nem sempre foi pacífico. André Esteves integrou o grupo de investidores que fez o primeiro aporte na petroleira OGX, antes da abertura de capital em 2007. O banqueiro cogitava a possibilidade de ficar com 50% da empresa, mas Eike não teria concordado com a proposta.
Mais tarde, em 2009, o dono da EBX confiou ao BTG o assessoramento da compra de uma participação na Vale. O negócio não foi adiante, o que teria frustrado Eike Batista. Agora, os dois voltaram a trabalhar juntos. "Resta saber se eles vão entender até o final", diz uma fonte próxima aos dois.
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