quarta-feira, 4 de abril de 2012

CLUBE "NEXTEL": ATÉ DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL!!!


"Clube Nextel" para manter conversas com o bicheiro


Ingresso entre os VIPs era celebrado pelos integrantes da cúpula da organização

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BRASÍLIA - O senador Demóstenes Torres (GO) não era o único a usar um Nextel habilitado nos Estados Unidos para manter conversas secretas com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Todos os integrantes da cúpula da organização usavam o aparelho, supostamente à prova de grampo, para falar com o chefe Cachoeira. A existência do “clube Nextel”, uma espécie de distinção dentro da organização, é descrita em conversas do próprio grupo, captadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo.
Em 28 de junho de 2011, a polícia registrou uma curiosa conversa entre o então chefe da Divisão de Combate ao Crime Organizado da PF de Goiás, Deuselino Valadares, e Gleyb Ferreira da Cruz, um dos sócios de Cachoeira. No diálogo, Gleyb celebra a entrada de Deuselino na lista de VIPs da organização.
- Aí jovem, boa noite, bem-vindo ao clube Nextel (risadas) - saúda Gleyb.
Aparentemente satisfeito com o crescimento, o delegado confirma o ingresso no seleto grupo.
- Bem-vindo ao Nextel clube. E aí ? - diz o delegado.
Na sequência da conversa pelo Nextel, o sócio de Cachoeira diz que estava saindo de uma reunião “maravilhosa” em Brasília.
- Hã! Beleza. Tava roubando aí ou tava fazendo o quê ? - pergunta o delegado.
Na sequência da conversa, os dois falam sobre uma sociedade, lucros e movimentação financeira da Delta. A Polícia Federal descobriu a existência do clube Nextel na Operação Vegas, concluída em 2009 e remetida, desde então, à Procuradoria Geral da República. As investigações, reiniciadas em 2010 na Operação Monte Carlo, confirmaram que, mesmo depois de tanto tempo, o grupo continuava usando o rádio Nextel com a ilusão de que o equipamento era à prova de grampo.
Segundo relatório da PF, o uso do Nextel teria sido sugerido pelo delegado da PF Fernando Byron e pelo sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá. Para o delegado Matheus Mela, coordenador da Monte Carlo, o erro do clube VIP foi fundamental para a obtenção de provas contra a organização. Foi a partir de escutas sobre os rádios Nextel que a polícia interceptou diálogos em que Demóstenes Torres e outros políticos tramam negócios com Cachoeira.
Até a entrada no clube Nextel, Deuselino Valadares era um ícone dentro da Polícia Federal. Ele foi um dos principais investigadores do escândalo da Sudam, no início da década passada.



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