Encrenca para o Rei: aparece uma princesa — que não sua rainha — na história da caçada na ÁfricaRicardo Setti/Veja
Foram vários os sintomas de que pode ter havido algo mais do que uma viagem a Botswana, na África, para caçar elefantes — de si mesma um absurdo para o chefe de Estado de um país, como a Espanha, em brutal crise econômica e aperto de cintos, além de praticar uma generosa política de defesa do meio ambiente, da fauna e da flora — na grande mancada que obrigou o Rei Juan Carlos a pedir desculpas aos cidadãos.
O Rei, 74 anos, pediu desculpas ao país, num gesto elogiado quase unanimemente, mas, diante da fulgurante participação nos episódios da bela princesa alemã Corinna zu Sayn-Wittgenstein, 46 anos, parece que precisará também justificar-se ante a Rainha Sofia. Vejam os sintomas de que pode haver um caso real na história toda:
Primeiro sintoma: o chefe de governo, Mariano Rajoy, só ficou sabendo que o Rei estava em Botswana na madrugada do sábado, 14, para o domingo, 15, quando Juan Carlos sofreu a queda no bangalô em que se hospedava que lhe provocou fratura de fêmur. Mesmo sendo uma viagem privada, é um evidente absurdo que o chefe de governo não conhecesse o paradeiro do chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas.
Segundo sintoma: usualmente caloroso e emotivo com os três filhos e oito netos, o Rei embarcou sigilosamente para Botwsana, num jato particular, a despeito da hospitalização do neto mais velho e favorito, Froilán, 13 anos, que, num acidente na fazenda do pai, Jaime de Marichalar, disparou uma pequena escopeta contra o próprio pé. (Marichalar e Elena, filha do rei, são divorciados).
Terceiro sintoma: a Casa Real não disse, antes ou depois do episódio, uma só palavra sobre quem acompanhava o Rei na viagem à África, que Juan Carlos na verdade fez a convite e às expensas do magnata hispano-saudita Mohamed Eyad Kayan, dono do jato e intermediador de negócios entre a Arábia Saudida e empresas espanholas. A presença da princesa Corinna, organizadora do safári, foi vazada por outros integrantes da comitiva.
Quarto sintoma: em viagem à Grécia para passar a Páscoa ortodoxa com os irmãos, a rainha Sofia só visitou o marido num hospital de Madri quatro dias depois do acidente, e a visita, significativamente, não chegou a durar meia hora.
Corinna, uma sueca naturalizada alemã que se divorciou do marido em 2005, mas manteve o título, conheceu o Rei em 2006, num jantar de homenagem ao monarca em Ditzingen, no sul da Alemanha. Tempos depois, mudou-se para Barcelona. Fã de safáris e regatas, costuma acompanhar o Rei em alguns desses eventos, sob o espesso silêncio da grande imprensa espanhola, que sempre se referia a ela, antes desses episódios, como “amiga próxima” de Juan Carlos.
Mesmo agora, após o episódio, enquanto a imprensa de fofocas, sobretudo na web, publica um amontoado de informações sem fonte confiável e chegam a mencionar Corinna como “amante” do Rei — a revista Lecturas traz na capa uma chamada dizendo “A Rainha, mais solitária do que nunca” –, a grande imprensa trata o caso com luvas de pelica.
No principal jornal espanhol, El País, quem mais avançou o sinal foi a escritora e colunista Elvira Lindo. “O país mudou muito e exige algo de coerência moral a quem faz pregação, mas não com o exemplo”, escreveu ela, provavelmente recordando a mensagem de Natal em que o Rei, diante da crise, disse, a certa altura: “Todos, sobretudo as pessoas com responsabilidades públicas, temos o dever de observar um comportamento adequado, um comportamento exemplar”.
Elvira Lindo continuou comentando o papel da Rainha Sofia e referindo-se, sem entrar em detalhes, a “deslealdades permanentes no casamento”.
No mais que centenário e conservador La Vanguardia, de Barcelona, seu subdiretor, Enric Juliana, acenou com algo num texto em que diz, a certa altura: “O balanço da monarquia constitucional é sólido, mas há notícias que — se reiteradas — poderiam provocar mais dano do que o estouro de uma manada de elefantes”.
Curiosamente, entre fontes com credibilidade, foi o ex-diretor do também mais que centenário jornal monarquista ABC José Antonio Zarzalejos quem concedeu entrevista a um site de celebridades dizendo que a “estreita e íntima relação” do Rei com a princesa “deixou de constituir um rumor para converter-se emuma certeza”. Ele assegura, também, que há documentação comprovatória de que Corinna vez por outra acompanha o Rei em viagens oficiais ao exterior.
Resta saber, depois de tudo isso, se a promessa de Juan Carlos de que “isso não vai se repetir nunca mais” vai influir em sua “amizade próxima” com a princesa .
Um comentário:
O Juan carlos não é um tarado. Ainda bem. Ficar com uma rainha por mais de 40 anos, tem que ser tarado.
O melhor é ir para a África...com princesas...a vida é curta meu rei, ou melhor Seu rei.
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