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sábado, 1 de dezembro de 2012

ROSEMARY, A MÁQUINA DE GASTAR DINHEIRO PÚBLICO


30/11/2012 21h17 - Atualizado em 30/11/2012 21h34

E-mails apontam conflitos entre investigados pela operação da PF

Ex-chefe de gabinete da Presidência em SP reclama de ex-diretor da ANA.
Mensagens mostram tentativa de burlar vigilância do sistema financeiro.

Do G1 São Paulo

Novos trechos de e-mails interceptados pela Polícia Federal (PF) durante a Operação Porto Seguro mostram detalhes da engenharia financeira da quadrilha suspeita de vender pareceres e fazer tráfico de influência. Nas conversas, os integrantes do grupo usavam mecanismos para enganar os órgãos de fiscalização. As trocas de mensagens também mostram que a relação entre os investigados nem sempre foi tranquila.
Jornal Nacional teve acesso a novos relatórios da PF (veja no vídeo acima), que revelam que a relação da suposta troca de favores entre Rosemary Nóvoa de Noronha, ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo, e Paulo Rodrigues Vieira, ex-diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), nem sempre foi amistosa. Paulo chegou a ser preso durante a operação, mas conseguiu habeas corpus nesta sexta-feira (30).
Em e-mail de 22 de abril de 2009, com o título de “cobrança sem fundamento”, Rosemary faz um relatório para Paulo Vieira sobre vários assuntos e reclama:
“Não gostei nem um pouco de suas cobranças. O que não está andando além da Anac? Bahia, caminhando bem. ANA, fiz tudo que você pediu, o que mais você quer? BB os seus dois pedidos não dependem de mim, mas estão muito bem encaminhados, eu te avisei que só serão resolvidos após a posse da nova diretoria, que é amanhã. As pessoas precisam sentar na cadeira nova e tomar pé do que está em jogo. Quanto ao pagamento que está para chegar, considero que você não está me fazendo nenhum favor (...) Não nasci ontem, não sou boba! Se você acha que não está correto, aborte o envio dos 30 livros.”, diz o e-mail.
Arte quem é quem operação Porto Seguro (Foto: Editoria de Arte / G1)
De acordo com a PF, toda vez que os suspeitos falam em livros, eles querem dizer, na verdade, dinheiro. A queixa continua. “Quanto à viagem de navio, considero que fica pela cota dos camarotes na Bahia no carnaval dois anos seguidos. Então, pelo que você vê, meus pedidos são em número maior, mas muito pequenos em relação aos seus! Tenha paciência”, pede na mensagem.
Pelas datas de vários e-mails aos quais a PF teve acesso, é possível entender alguns pontos desta mensagem. Em 9 de janeiro de 2009, o empresário César Floriano, da empresa Tecondi, manda um e-mail para Paulo.
Segundo a investigação da PF, Paulo atuava em favor de César. “Compramos uma área na Bahia. Temos a intenção de reativá-la. O presidente do nosso grupo gostaria de uma audiência com o governador. Você tem como ajudar nesse agendamento?”, diz o e-mail.
Dezenove dias depois, Rosemary responde para Paulo. “Boa Paulo. Acertei com o governador Jacques Wagner a audiência”, afirma a mensagem. Quando fala da ANA, Rosemary se refere à indicação do próprio Paulo Vieira para uma das diretorias. Durante a negociação do cargo, Paulo manda um artigo para Rosemary. Ela responde. "Posso dar para o PR esse paper do jeito que está?", pergunta. A expressão PR é usada para se referir ao cargo de presidente da República.
A assessoria do governador da Bahia, Jacques Wagner, informou que ele estava num evento público - e, por isso, não poderia falar sobre o assunto.

Quatro meses depois, em dezembro de 2009, Rosemary pede a Paulo. "Gostaria que você juntasse tudo que saiu na imprensa a seu respeito e me enviasse. Quero mostrar ao PR.” A nomeação de Paulo para a diretor de Hidrologia da ANA saiu em maio de 2010, com salário de R$ 23.890,85.
Procurada pela equipe de reportagem, a assessoria de imprensa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que uma das funções do escritório da Presidência em São Paulo é encaminhar materiais enviados por qualquer pessoa ao presidente.
No mesmo dia em que Rosemary envia mensagem reclamando das cobranças, Paulo e Rubens Vieira, irmão do ex-diretor e que ocupava um cargo na direção da Anac, trocam um e-mail em que combinam esconder informações de Rosemary. "Não fale muitas informações sobre o processo da BA com a Rose, pois temos que abafar a 'pedição' de dinheiro, pois a amiga é uma máquina de gastar", diz a mensagem.

Engenharia financeira
O jogo de palavras na troca de e-mails revela também uma parte da engenharia financeira investigada pelos agentes federais. Paulo e o irmão Rubens Vieira tentavam burlar os mecanismos de vigilância do sistema financeiro.

Em 3 de agosto de 2011, Paulo orienta a mulher dele, Andreia, e um dos irmãos, Marcelo Vieira. “Segue abaixo os dados para o depósito dos recursos. Peço-lhe fazer em parcelas de até R$ 9 mil”, afirma. No mesmo dia, a conta recebeu oito depósitos nesse valor. Cinco dias depois, mais três depósitos. No fim do mês, outros seis.

A conta pertence à empresa P1, que está em nome da mãe e do cunhado de Paulo Vieira. Ela tem sede em Condeuba, na Bahia, cidade natal de Paulo. O valor de cada depósito era sempre menor do que R$ 10 mil. Acima desse valor, o banco é obrigado a informar ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

A conta, aberta em julho de 2011 em uma agência da cidade de Cruzeiro, interior de São Paulo, operou por quase quatro meses. Em novembro, o banco Itaú mandou uma carta para a empresa em que diz: “informamos que, por desinteresse comercial, iniciaremos o processo de encerramento de sua conta”. Nos meses em que ficou aberta, a conta movimentou R$ 2,6 milhões.
A advogado de Paulo Rodrigues Vieira informou que seu cliente vai analisar o processo e explicar suas movimentações financeiras. "“Ele está analisando os autos e toda a documentação que for juntada. Ele disse que vai apresentar explicações sobre todo o patrimônio dele, sobre todas as movimentações financeiras. Assim que tiver acesso a todos os autos. Evidentemente, como ele estava preso, não conseguiu analisar todos os extratos bancários. No momento certo vai apresentar todas as explicações a respeito”, disse Pierpaolo Bottini.
A empresa Tecondi informou que não tem negócios na Bahia. E, como desde junho, passou para as mãos de um novo grupo, não pode responder pela administração anterior. A assessoria do governador da Bahia, Jacques Wagner, informou que ele estava num evento público e, por isso, não poderia falar sobre o assunto. Os advogados de Rosemary Noronha, César Floriano e Andreia Cristina Vieira não foram encontrados.
Operação
A especialidade de Paulo Vieira, segundo as investigações da PF, era fazer contatos entre empresários em dificuldades e funcionários públicos que pudessem ser corrompidos.
A operação Porto Seguro cumpriu 26 mandados de busca e apreensão em São Paulo e 17 no Distrito Federal na sexta-feira (23). Dezoito pessoas foram indiciadas por suspeita de participação no esquema criminoso, entre elas a então chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, e José Weber Holanda, número dois na hierarquia da Advocacia-Geral da União (AGU).
No sábado (24), a presidente Dilma Rousseff determinou a exoneração ou afastamento de todos os servidores envolvidos na operação Porto Seguro.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

ROSEMARY, A PIDONA


28/11/2012 - 06h00

Rosemary usou e-mail oficial para pedir dinheiro a grupo investigado

Clicar na imagem p/ ampliar 

FERNANDO MELLO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

Como chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha usou o e-mail oficial do governo para cobrar dinheiro da quadrilha acusada pela Polícia Federal de vender pareceres em órgãos federais.
Com autorização da Justiça, a PF apreendeu computadores com e-mails de Rosemary. A polícia também interceptou e-mails trocados entre ela e Paulo Vieira, da Agência Nacional de Águas.
Em um dos e-mails, de 9 de maio às 9h23, Rosemary cobra dinheiro de Vieira. O título do e-mail é "verba flat reforma" e ele foi enviado do endereço rosemary@planalto.gov.br. Os investigadores chamam a atenção para o fato de que a assinatura do e-mail traz o cargo de chefe do Gabinete Regional da Presidência da República em São Paulo e o telefone do escritório regional presidencial.
"O Marcelo deixou comigo R$ 10, mas já gastei mais R$ 20 e preciso ressarcir o João", escreveu a então assessora. "Já comprei o material pesado, piso, torneiras, armários para o banheiro, tintas..."
Segundo ela, mesmo com a obra parada, foi necessário pagar os pedreiros para não perder a equipe. "Veja se ele pode trazer hoje alguma verba", termina a mensagem. Uma hora e meia mais tarde, ela volta a escrever, dizendo que tudo estava resolvido.
O relatório número 9 da polícia aponta "extensa troca de favores entre Paulo Rodrigues Vieira e Rosemary Nóvoa de Noronha desde o ano de 2009, que resulta em cobranças e solicitações de vantagens financeiras a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função".
Num e-mail de 10 de maio, Rosemary pergunta a Vieira se ele conhece César Borges, que seria indicado pelo aliado PR (Partido da República) para uma vice-presidência do Banco do Brasil.
Mais uma vez, a mensagem foi enviada do endereço do Planalto. "Sim, conheço o César, é um cara legal, se precisar de algo, a gente fala com ele", respondeu Vieira.
"Foi a melhor notícia da semana... Quero encontrar com ele, você consegue?", respondeu a então assessora.
A Justiça também pediu que a PF recolhesse e-mails de duas contas pessoais e uma do PT, usada por ela.
O advogado de Rosemary disse que não se pronunciaria porque ainda não leu a íntegra do inquérito.
A Operação Porto Seguro foi deflagrada pela PF na sexta-feira. A polícia apreendeu documentos no escritório da Presidência em São Paulo e indiciou Rosemary.
Rose, como é conhecida, foi nomeada por Luiz Inácio Lula da Silva e mantida no cargo por Dilma Rousseff a pedido do ex-presidente, de quem é muito próxima.
Foi sob o mandato de Lula que Rose exerceu maior influência, inclusive com indicações de apadrinhados, caso de Paulo e Rubens Vieira, presos na operação que indiciou Rosemary por corrupção, tráfico de influência e falsidade ideológica. Essa última suspeita corresponde à obtenção de um diploma falso para seu marido.
A própria nomeação dos irmãos Vieira gerou atrito entre Rose e o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), à época chefe de gabinete de Lula. Ele era contra a condução de ambos para agências reguladoras, mas foi vencido.
Tida como servidora de temperamento difícil e cuja autoridade relativa emanava da proximidade com Lula, Rose fez vários adversários ao longo dos anos.
Segundo relatos de pessoas próximas, a mulher de Lula, Marisa Letícia, não gosta da agora ex-assessora.
Apesar disso, Rose costumava integrar a comitiva presidencial em viagens internacionais. Como a Folha mostrou ontem, entre 2007 e 2010 ela foi com Lula a 23 países, com direito a passaporte diplomático que lhe garantia vantagens no trânsito.
Com Lula fora do poder, não fez viagens com Dilma. Rose perdeu o passaporte diplomático após reportagens da Folha terem abordado a emissão desses documentos durante o governo Lula.
O ex-presidente passou a ter contato com Rose por intermédio do ex-ministro José Dirceu, com quem ela trabalhou por quase 12 anos no PT.