Revista VEJA
Jobim tenta se justificar: “Idiota é quem faz intrigas”
“Estão querendo criar intriga entre a gente”, afirmou a presidente Dilma Rousseff ao receber o ministro da Defesa, Nelson Jobim, no Palácio da Alvorada nesta sexta-feira. O ministro respondeu prontamente: “Isso justifica (o termo) idiotas”.
Com esse argumento – de que idiotas seriam os jornalistas que teriam noticiado de forma distorcida suas declarações – Jobim quis desfazer o mal-estar que criou ao discursar durante homenagem aos 80 anos de Fernando Henrique Cardoso, nesta quinta-feira. As declarações do ministro na ocasião foram consideradas uma indireta contra a gestão da presidente Dilma Rousseff.
“O que se percebe hoje, Fernando, é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento”, afirmou Jobim, parafraseando o dramaturgo Nelson Rodrigues.
A assessoria do ministro informou que o ministro chamou de idiotas “as pessoas que se utilizam da imprensa para fazer intrigas”. Entre essas pessoas haveria alguns jornalistas. Em contrapartida, completa a assessoria, a palavra “idiota” não seria uma referência a toda a classe jornalística.
Curiosidade - Essa não é a primeira vez que Jobim cita o texto de Nelson Rodrigues. Em 2005, quando era presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro ficou irritado com as suspeitas de que estaria atuando em defesa de petistas no tribunal. “Os idiotas perderam a modéstia”, atacou Jobim na época.
O ministro chegou ao STF em abril de 1997, por indicação do então presidente FHC. Ganhou o apelido de “líder do governo tucano” na Suprema Corte.
(Luciana Marques, de Brasília)
Governo Dilma
Dilma manda Nelson Jobim se explicar sobre 'idiotas'
Declarações do ministro da Defesa durante comemoração dos 80 anos de FHC irritaram a presidente; Ele afirma ter sido mal-interpretado
Luciana Marques
Jobim citou Nelson Rodrigues: "Ele dizia que, os idiotas chegavam devagar e ficavam quietos. Temos de ter tolerância"(André Dusek/AE)
A presidente Dilma Rousseff exigiu explicações do ministro da Defesa, Nelson Jobim, sobre as declarações dele durante cerimônia de comemoração dos 80 anos de Fernando Henrique Cardoso, nesta quinta-feira. Na ocasião, Jobim disse que "os idiotas perderam a modéstia", o que foi interpretado como uma referência a representantes do governo. A declaração gerou mal-estar no Planalto. Irritada, a presidente Dilma chamou Jobim para uma conversa no Palácio da Alvorada na manhã desta sexta-feira.
Segundo a ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Ideli Salvatti, o ministro disse que houve um "mal-entendido" e que iria se explicar publicamente por meio de uma nota. O discurso de Jobim durante homenagem a FHC foi tido como uma indireta contra a gestão da presidente Dilma. Ele afirmou que os "tempos mudaram" e citou que o ex-presidente nunca "levantou a voz para ninguém". Disse ainda que chegou ao cargo atual por causa do tucano.
Para espanto dos governistas presentes no evento, Jobim completou: "Ele [Nelson Rodrigues] dizia que, no seu tempo, os idiotas chegavam devagar e ficavam quietos. O que se percebe hoje, Fernando, é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento", afirmou.
Crise - O recém-nomeado líder do governo no Congresso, deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS), saiu em defesa de Jobim, seu correligionário. Questionado por um jornalista se há uma crise no Planalto por causa das declarações do ministro, foi irônico: “Por que crise? Isso nós também temos [que conviver com idiotas]. Agora quais são eles, onde estão?.”
Mendes Ribeiro negou que a declaração de Jobim tenha sido uma referência à presidente Dilma e disse que sua "inteligência" não permitiria tal indireta.
Indagada se Jobim poderia ser demitido, a ministra Ideli Salvatti respondeu: "Ele está tranquilo".
Resposta - Por meio de sua assessoria, o ministro informou que o encontro com Dilma já estava agendado e que a conversa entre eles foi "amena". A avaliação de Jobim é de que suas declarações tiveram uma "amplitude demasiada". O ministro disse ainda que está satisfeito com o governo da presidente Dilma e que não quer deixar o ministério. Ele avisou também que tem colaborado com o Planalto, inclusive para a articulação política.
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