SEXTA, 1 DE JULHO DE 2011, 09H38
Dayanne Sousa
O ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa chama de "disparate" a
participação do banco alimentado por dinheiro público na
proposta de união do Pão de Açúcar com o Carrefour. "O BNDES
está fazendo uma operação gigantesca só pra o doutor Abílio
Diniz ficar mais rico", critica. Abílio Diniz é empresário e
presidente do conselho do Grupo Pão de Açúcar.
participação do banco alimentado por dinheiro público na
proposta de união do Pão de Açúcar com o Carrefour. "O BNDES
está fazendo uma operação gigantesca só pra o doutor Abílio
Diniz ficar mais rico", critica. Abílio Diniz é empresário e
presidente do conselho do Grupo Pão de Açúcar.
Para Lessa, a operação não é de interesse nacional, uma
vez que envolve uma disputa entre acionistas do Pão
de Açúcar. O grupo Casino, que detém parte das ações
da rede de supermercados brasileira, é um rival do
Carrefour na França.
vez que envolve uma disputa entre acionistas do Pão
de Açúcar. O grupo Casino, que detém parte das ações
da rede de supermercados brasileira, é um rival do
Carrefour na França.
Se consumada a união, o BNDES deve investir R$ 3,9
bilhões. Nesta quinta (30), o atual vice-presidente do
BNDES, João Carlos Ferraz, defendeu o envolvimento
do banco no caso, destacando que é uma forma de
valorizar os produtos nacionais no exterior. Este
também é o argumento de Abílio Diniz e do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
Fernando Pimentel.
bilhões. Nesta quinta (30), o atual vice-presidente do
BNDES, João Carlos Ferraz, defendeu o envolvimento
do banco no caso, destacando que é uma forma de
valorizar os produtos nacionais no exterior. Este
também é o argumento de Abílio Diniz e do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
Fernando Pimentel.
Lessa presidiu o banco de fomento por menos de
um ano no início do primeiro mandato de Lula, em 2003.
Foi afastado após críticas ao então presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles.
um ano no início do primeiro mandato de Lula, em 2003.
Foi afastado após críticas ao então presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles.
Terra Magazine - Qual a sua reação ao envolvimento
do BNDES na proposta de união entre o Pão de Açúcar e
o Carrefour no Brasil?
Carlos Lessa - Eu considero que essa operação não
tem o menor interesse nacional. Não serve em nada
ara o Brasil. É muito conveniente pra família do Abílio
Diniz. O que ele vai fazer é trocar uma bandeira
francesa pela outra: ele estava associado com o grupo
Casino e agora vai trocá-lo pelo Carrefour. Isso é uma
brincadeira. Como é que o BNDES vai aplicar R$ 3,9
bilhões pra permitir que o doutor Abílio brinque de
trocar de um francês pra outro? É claro que quando
ele joga pro Carrefour, ele tem um ganho enorme.
O BNDES está fazendo uma operação gigantesca só
pra o doutor Abílio Diniz ficar mais rico.
do BNDES na proposta de união entre o Pão de Açúcar e
o Carrefour no Brasil?
Carlos Lessa - Eu considero que essa operação não
tem o menor interesse nacional. Não serve em nada
ara o Brasil. É muito conveniente pra família do Abílio
Diniz. O que ele vai fazer é trocar uma bandeira
francesa pela outra: ele estava associado com o grupo
Casino e agora vai trocá-lo pelo Carrefour. Isso é uma
brincadeira. Como é que o BNDES vai aplicar R$ 3,9
bilhões pra permitir que o doutor Abílio brinque de
trocar de um francês pra outro? É claro que quando
ele joga pro Carrefour, ele tem um ganho enorme.
O BNDES está fazendo uma operação gigantesca só
pra o doutor Abílio Diniz ficar mais rico.
O argumento de Diniz e do governo é aumentar a
venda de produtos brasileiros na Europa...
Eu escuto o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior) dizendo essa bobagem.
E por que é que com o Casino não aumentou?
Quando a Ambev passou a ter participação de um grupo
Belga, dizia-se que ia aumentar a exportação e cerveja.
Aumentou nada, importamos cerveja. É uma loucura,
um disparate brutal.
venda de produtos brasileiros na Europa...
Eu escuto o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior) dizendo essa bobagem.
E por que é que com o Casino não aumentou?
Quando a Ambev passou a ter participação de um grupo
Belga, dizia-se que ia aumentar a exportação e cerveja.
Aumentou nada, importamos cerveja. É uma loucura,
um disparate brutal.
Uma fusão como essa está fora das funções do BNDES?
O BNDES foi criado para o desenvolvimento do Brasil.
E para gerar emprego para os brasileiros. Operações
como essa não geram um emprego sequer dentro do
Brasil, a não ser dois ou três diretores novos que o
Grupo Pão de Açúcar vai ter. Nos temos que gerar
em massa milhares de empregos para os jovens
rasileiros. Como é que o BNDES faz isso? É inacreditável!
A operação é altamente inconveniente para o Brasil.
O BNDES foi criado para o desenvolvimento do Brasil.
E para gerar emprego para os brasileiros. Operações
como essa não geram um emprego sequer dentro do
Brasil, a não ser dois ou três diretores novos que o
Grupo Pão de Açúcar vai ter. Nos temos que gerar
em massa milhares de empregos para os jovens
rasileiros. Como é que o BNDES faz isso? É inacreditável!
A operação é altamente inconveniente para o Brasil.
O Abílio Diniz foi um apoiador da presidente Dilma
em sua campanha e é parte de um comitê ligado à
Presidência (a Câmara de Políticas de Gestão,
Desempenho e Competitividade é um órgão que
assessora a presidente , formado por quatro grandes
empresários - incluindo Diniz - e presidido por
Jorge Gerdau). O senhor vê um problema ético
no fato de Diniz estar ligado à Presidência?
Eu sei que o Abílio Diniz é hiperpoderoso e sei
que o ministro Pimentel quer ser governador de
Minas Gerais. Tem problemas éticos por todos os lados.
A começar pelo próprio BNDES, que não foi criado pra isso.
Você tem que ligar com as grandes empresas, sim,
mas grandes empresas nacionais e que estejam investindo
no Brasil.
em sua campanha e é parte de um comitê ligado à
Presidência (a Câmara de Políticas de Gestão,
Desempenho e Competitividade é um órgão que
assessora a presidente , formado por quatro grandes
empresários - incluindo Diniz - e presidido por
Jorge Gerdau). O senhor vê um problema ético
no fato de Diniz estar ligado à Presidência?
Eu sei que o Abílio Diniz é hiperpoderoso e sei
que o ministro Pimentel quer ser governador de
Minas Gerais. Tem problemas éticos por todos os lados.
A começar pelo próprio BNDES, que não foi criado pra isso.
Você tem que ligar com as grandes empresas, sim,
mas grandes empresas nacionais e que estejam investindo
no Brasil.
O BNDES participar de uma operação de fusão não é,
por si só, uma coisa inusitada?
Tem casos em que a participação é importante.
Por exemplo, Aracruz e Votorantim. A Aracruz era a maior
produtora de papel e celulose do país. O BNDES apoiou a
Votorantim para absorver a Aracruz porque, senão, uma
empresa finlandesa compraria. O Brasil iria desaparecer
no mercado de papel e celulose. Mas o Abílio Diniz está
apenas valorizando as ações dele: ele trocou a bandeira
francesa do Casino pela do Carrefour.
por si só, uma coisa inusitada?
Tem casos em que a participação é importante.
Por exemplo, Aracruz e Votorantim. A Aracruz era a maior
produtora de papel e celulose do país. O BNDES apoiou a
Votorantim para absorver a Aracruz porque, senão, uma
empresa finlandesa compraria. O Brasil iria desaparecer
no mercado de papel e celulose. Mas o Abílio Diniz está
apenas valorizando as ações dele: ele trocou a bandeira
francesa do Casino pela do Carrefour.
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