IDEIAS
Junho 3, 2011 - 09:31
Sim, Sim, Não, Não coube a tonhão dutra o papel de defensor do direito na Câmara
Eleito deputado federal pelo PR, Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, virou símbolo do lado B do sistema eleitoral: o voto sem qualquer critério político.
Com certa razão.
Afinal, Tiririca foi eleito para a Câmara Federal apesar de ser despreparado para o cargo, sem formação política e semianalfabeto. Muita coisa pesa contra ele, menos duas importantes: a legislação eleitoral (que permitiu sua candidatura por uma regra simples: quem pode votar, pode ser votado) e a opção de 1,3 milhão de eleitores, que transformaram o palhaço dos palcos e da TV no recordista de votos nas últimas eleições. O que esperar do mandato de Tiririca? Pouca coisa.
Mas, pego em uma prestação de contas irregular, Tiririca não titubeou: devolveu o dinheiro, sem pestanejar. Sua explicação foi simplista: devolveu porque estava errado. Pois é: Tiririca fez o que não fez, por exemplo, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), pego com a mão na botija no caso dos atos secretos. Não assumiu nada, negou tudo e está lá, muitas vezes falando em nome da República.
Tiririca pode virar político de verdade e trocar os pés pelas mãos. Mas no caso em questão, fez o certo. Sarney não.
Na Câmara de São José, um vereador sofre o mesmo preconceito que atinge o deputado do PR: o preconceito de origem. Longe de ser um Tiririca, o vereador Tonhão Dutra (PT) é muitas vezes criticado por sua origem humilde, pela sua dificuldade de falar, pelo seu jeito rude de quem passou anos e anos como gari da prefeitura. Pois é. Mas coube a Tonhão o papel de apontar o erro da Câmara no projeto que embutiu o gatilho do prefeito Eduardo Cury (PSDB) no gatilho dos servidores municipais. Sob pressão do Ministério Público, a prefeitura e a Câmara recuaram e admitiram seu erro. Ponto para o MP, mas ponto também para Tonhão.
Em uma Câmara de doutores, coube a um humilde gari o papel de guardião do direito. Parabéns.
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