OS RICAÇOS PAULISTAS E OS SEUS POÇOS ARTESIANOS
SÃO PAULO - Se depender dos moradores das áreas nobres de São Paulo, a crise hídrica passará ao largo de suas casas. A nova moda nos Jardins, região com um dos metros quadrados mais caros da capital paulista, é furar poços artesianos para garantir que não falte água, pelo menos para as plantas, limpeza de pátios e lavagem de veículos. O custo de instalação começa em torno de R$ 30 mil e pode chegar a R$ 150 mil, segundo empresas especializadas, que incluem nesse valor todo o gasto com burocracia.
— Coloquei até placa na porta de casa, para evitar a patrulha dos que ficam preocupados porque estamos molhando o jardim. É água de reuso — conta o engenheiro civil Roberto Daud, de 80 anos, que pagou R$ 15 mil há dois meses para instalar um poço no fundo de casa e outros R$ 15 mil pela tubulação adicional e bomba para dispersão.
A água que brota do chão alimenta plantas, lava o pátio interno da casa e os carros do engenheiro — um Citroën, um Mercedes 350 e um Hyundai Azera. Por ser extraída de área não potável do lençol freático, a água não pode ser consumida por ele, a mulher e as duas empregadas da casa.
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